terça-feira, 24 de julho de 2007

11 anos depois... reencontro em 21/12/1997

"Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri, o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas é que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou deste encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.


A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes." É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas para tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.

Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprenderr inglês, usar camisinha, dizer nãos às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e e administrar dezenas de paixões fulminates e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse! Felicidade, onde está você?Aqui na casa dos 30 e sua vizinhança.

Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano, no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço - ter uma profissão, casar e procriar - passamos a ser livres, a escrever a nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho pelos nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta."

35 anos para ser feliz (Martha Medeiros) em outubro de 1998